Sexta-feira, 27.06.08

Fotografia Anônima

 A fotografia vernacular

  

 

Há dias, o historiador de fotografia Geoffrey Batchen defendia que a fotografia vernacular, a snapshotcaseira, devia entrar nas histórias de fotografia clássicas porque essas imagens "condensam alguns dos nossos valores mais preciosos: as nossas noções de identidade, de relação com os outros". Para Batchen, as relações familiares, por exemplo, podem ser melhor compreendidas se se olhar de outra maneira para esta prática fotográfica que é quase sempre ignorada pelos grandes tratados da imagem fotográfica. E no entanto é a mais praticada.

 

Com propósitos diferentes dos do investigador australiano, o Museu de Arte Contemporânea de Estrasburgo, na França, abriu a porta às fotografias que estiveram coladas em velhos álbuns de cartão, que se espalharam pelo chão de feiras da ladra ou que andaram escondidas em caixas de sapatos. Instants Anonymes reúne 800 imagens captadas por amadores naquela que é, segundo o comissário Sylvain Morand, a primeira exposição de fotografia vernacular num museu de arte contemporânea.

  

"Toda a gente pode fazer fotografia. Talvez seja essa a especificidade deste meio", disse Morand ao Le Monde. O comissário justifica a iniciativa da exposição com a ideia de que este género popular "mostra a fotografia na sua primeira natureza". As imagens foram reunidas a partir de arquivos de família, colecções privadas e institucionais. Não estão identificadas com data, local, autor ou qualquer outro dado. O conjunto convoca a ideia de um grande álbum de família e pretende-se que "o observador faça um investimento sentimental" no momento em que estiver a "folhear" estas páginas de "ícones domésticos".

 

 

 

Publicado em Arte Photográphica - 24 junho 2008

Imagem - "Fotografia Anônima", Acervo © Coleção Azevedo Moura

 

publicado por ardotempo às 21:16 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Um poema - Carlos Drummond de Andrade

 

 

 

 

Não importa onde você parou... 

Em que momento da vida você cansou... 
O que importa é que sempre é possível recomeçar. 
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo... 
É renovar as esperanças na vida e, o mais
importante... 
Acreditar em você de novo. 
Sofreu muito neste período? Foi aprendizado... 
Chorou muito? Foi limpeza da alma... 
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia... 
Sentiu-se só diversas vezes?
É porque fechaste a porta até para os anjos... 
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora... 
Onde você quer chegar? Ir alto?
Sonhe alto... Queira o melhor do melhor... 
Se pensarmos pequeno... Coisas pequenas teremos... 
Mas se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo
melhor... 
O melhor vai se instalar em nossa vida. 
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.

 

 

 

 


© Carlos Drummond de Andrade

Foto de Mário Castello

publicado por ardotempo às 19:14 | Comentar | Ler Comentários (2) | Adicionar

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