Coluna
Peça de artesanato, grande coluna vertical em madeira entalhada e pintada, em reaproveitamento de um galho de uma árvore derrubada - procedência: Minas Gerais.
© Mãos da Terra - Mostra de artesanato popular brasileiro
Hino Nacional
Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.
O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonnettes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas.
Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.
Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.
Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...
Precisamos adorar o Brasil.
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão
no pobre coração já cheio de compromissos...
se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?
© Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond
Chico Buarque canta. Veja video
Em Cuba, em 1959, um pequeno grupo de 12 jovens audaciosos, sobreviventes, aventureiros e idealistas, com o desejo tenaz da mudança em mente, embrenharam-se na Sierra Maestra para enfrentar, mal armados, o numeroso e bem equipado exército do ditador Batista. Ganharam a parada e entraram para o imaginário da geração de nossos pais, que perceberam que a mudança, mesmo em condições bem adversas, era possível.
Passados 49 anos, aqueles mesmos vencedores empenham-se na manutenção do poder e do cenário, numa absurda tentativa de congelar o tempo, bem ao revés de seus ideais de juventude. Parecem adotar uma máxima positivista do final do século 19, que se encontra incrustrada no obelisco numa praça de uma cidade meridional do continente sul-americano:
Conservar, melhorando.
Como isso seria possível? É a síntese da contradição. Ou se conserva ou se melhora! Yoani Sanchez, a blogueira cubana continua delicadamente a sua saga, apenas contando o que vê e o que lá se passa, o que os cubanos vivem verdadeiramente no seu cotidiano. Porisso foi premiada como a jornalista virtual mais importante de 2008, (na Espanha) e porisso foi impedida de viajar ao Exterior para receber o seu prêmio. Recebeu uma negativa oficial que informava que não poderia viajar. A proibição é imperativa e final: não viajará... mas contém uma ressalva que sugere uma nebulosa e improvável promessa ao futuro: ... neste momento.
Ah, então é isso... Conservar, melhorando.