José Saramago
"Vai ser preciso que eu morra para haver outro Nobel português." Hoje já não tem "uma confiança danada no futuro", mas está a terminar o seu novo romance, a publicar na rentrée de outubro – em Portugal e Espanha. Nesta entrevista fala sobre o Nobel, essa "invenção demoníaca", e sobre os seus livros. Um balanço extraordinário.
"Não. Eu nunca vi o Lobo Antunes como um rival. A minha opinião sobre essas questões de quem é melhor ou de quem não é tão bom é muito clara. Em literatura, ninguém tira o lugar a ninguém."
"Pois, para quem nunca leu um romance meu, ele desdobrou-se em opiniões a meu respeito, como escritor. Tem todo o direito a não ter lido e a continuar a não ler, até ao fim da vida, uma só linha minha. Mas, em princípio, isso retira-lhe o direito de julgar. E há uma outra coisa, em toda esta história lamentável: eu nunca me comportei, em relação ao Lobo Antunes, como ele em relação a mim."
Ele diz, nessa mesma entrevista, que há uma fotografia do José Saramago atirando um livro dele ao chão.
"Que disparate é esse? Que disparate é esse, pá?! Ele não precisa de inventar coisas para reforçar a sua animadversão em relação a mim. Não invente! Quer dizer, você que me conhece razoavelmente, diga-me: é capaz de imaginar-me a atirar ao chão um livro de um suposto rival ou competidor, fosse ele português, espanhol, italiano, uruguaio ou o que quer que fosse? Isso não é infantil? A raiva expressa dessa maneira?"
Publicado no blog LER - 02 de junho de 2008