Segunda-feira, 31.03.08

Entrevista: IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO





Ignácio de Loyola Brandão - Escritor

ARdoTEmpo
: – Ignácio, você é um escritor reconhecido no Brasil e no Exterior, que vive do que escreve - o que você comentaria sobre a recente entrevista de Tom Wolfe ao Clarin, de Buenos Aires, na qual, para divulgar o lançamento de seu novo romance, ele declara que
o romance morreu”?


Ignácio de Loyola Brandão : Aquino, de tempos em tempos, o romance morre. Surge um babaca qualquer que nem é um ensaista nem um historiador e declara que o romance morreu. Só se for o dele.
 
AT: Seu romance, Não Verás País Nenhum, sombrio e premonitório, há 25 anos lançou uma advertência grave ao futuro, sobre questões ambientais e humanas. Como você vê o cenário ao seu redor, hoje?

ILB: Nunca pensei que o Não Verás começasse a acontecer tão rapidamente. Nem se passaram 30 anos e aquele livro parece um documentário dos dias de hoje.
Claro que não me alegro por estarem as coisas como estão.
Claro que me alegro pelo fato da arte andar na frente da vida.
Também, com essas elites mundiais e nacionais de hoje...
 
AT: O que você está escrevendo no momento? Quais são os seus planos?

ILB: Acabei de escrever dois livros infantis. Seriam infantis?
Um é Os Escorpiões no Circulo de Fogo e o outro Os Olhos dos Cavalos Loucos. Este é mais longo. Ambos memórias de infância.
Mas o que posso fazer se a minha infância foi vivida como ficção?
Veja o caso de O menino que vendia palavras, que não passa de uma lembrança a qual dei um trato. Editado pela Objetiva no ano passado, ganhou o Prêmio Melhor Infantil de 2007 pela Fundação Biblioteca Nacional.
 
AT: Existe um evento no sul do Brasil, a Jornada Literária de Passo Fundo, que talvez seja o mais importante evento literário no País – pelos seus desdobramentos, a reunião de escritores, os debates e seminários sobre literatura, as palestras de autores nacionais e internacionais, e principalmente, pela maciça presença e o intercâmbio com os leitores – sistematizado e apoiado por uma Universidade.
Como você vê a Jornada?


ILB: É a coisa mais importante do setor no Brasil.
Mais importante que a badalada Flip. Diferente e mais abrangente que as feiras e bienais de livros que ocorrem pelo Brasil. Pena que o próprio Rio Grande do Sul não tenha entendido o alcance da Jornada, a sua extensão e profundidade. Tanto que não deu verba para o evento devido ao relatório de uma pessoa invejosa e frustrada. Isso mesmo, frustrada, um sub-escritor com um pequeno poder na mão.
 
AT: O que você propõe como autor, para o futuro da Jornada, que tem sido uma pioneira na criação de novas metodologias e na formação de leitores?

ILB: Proponho que ela se sustente, seja como for, que se mantenha, que prossiga, que procure financiamento fora. Porque hoje ela é brasileira, não mais apenas gaúcha, regional, limitada.
 
AT: O que você teria a dizer a um jovem (de qualquer parte do mundo) que estivesse descobrindo o prazer da leitura e, olhando as coisas que acontecem ao seu redor, pensasse por uns instantes na idéia de se tornar um escritor?

ILB:  Ora, que sente e escreva. Escreva. Escreva. Não pensando em glórias, fama, prêmios. Simplesmente escrevendo, escrevendo.


Entrevista concedida por Ignácio de Loyola Brandão a ARdoTEmpo – março 2008
Foto de Lisette Guerra
publicado por ardotempo às 17:56 | Comentar | Adicionar

Aforismo Borgesiano – 10

GUERRA

A guerra é uma guarangada (grosseria). Todas as discórdias o são.



















©Jorge Luis Borges / Borges Verbal, Emecê Editores – Buenos Aires Argentina
publicado por ardotempo às 12:56 | Comentar | Adicionar

Direto do Museu de Bagdá

"DEVOLVAM O QUE NOS ROUBARAM!"

A rara beleza do que ainda resta faz-me imaginar o que foi roubado.
Mais de quinze mil peças de arte e outros tesouros desapareceram depois da entrada das tropas americanas, em 2003. O caos abriu as portas aos ladrões e as fronteiras sem controlo permitiram que uma parte da História do Iraque se perdesse. É a memória da Civilização Assíria que está em risco. A Directora confessa ter chorado quando dias depois da queda do regime voltou ao Museu. “Não queria acreditar que nos tinham roubado parte da nossa História!”, diz-me Mona Abas. Agora, a UNESCO e a Interpol estão a cooperar com o governo iraquiano na tentativa de recuperar parte do património perdido.



















Loma, guia-me pelo meio de estátuas e outras peças embrulhadas em plásticos até uma sala deslumbrante. Peço-lhe que me explique o que significam todos aqueles painéis esculpidos em pedra. “Este é um touro com asas, do período Assírio. Data do ano setecentos e cinquenta antes de Cristo e estava no palácio do rei Sargon, da capital Khorsabad”. Este outro é do mesmo período e mostra uma caçada do rei Sargon II.” A beleza e simpatia de Loma completam o meu espanto. Meu Deus, quantas pessoas dariam fortunas para poderem estar aqui, neste momento. Sou um privilegiado.
 
O que ficou no Museu de Bagdade, só não foi roubado porque era pesado demais. Mesmo assim, algumas peças já foram recuperadas e outras estão referenciadas como tendo ido para os Estados Unidos, para a Europa e para os países vizinhos. As autoridades internacionais tentam impedir a sua entrada no mercado negro e o ministro iraquiano da Cultura aproveita a nossa presença para me pedir que transmita ao Mundo uma mensagem: “É a nossa História. Devolvam o que nos roubaram!

Do blog Cheiro a Polvóra, de Luis Castro, direto de Bagdá - 30.03.2008
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publicado por ardotempo às 00:53 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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