Sexta-feira, 21.03.08

Peixe-ouro da Polinésia



Peixe-ouro da Polinésia (Australiae Aurum Salmonis)
Comercial e biologicamente extinto desde o ínicio da década 90 do século XX.

“…dos peixes do Golfo dos Franceses, os formidáveis peixes-ouro da Polinésia, que só existiram naquela ilha-continente e que sumiram depois de terem sido pescados à exaustão pelas redes das traineiras japonesas, neo-zelandesas e até fenecianas durante os anos inox.
 
Pesca predatória em dimensão gigantesca comparável somente à omissão complacente das autoridades truculentas, que fôra tão abusiva que o peixe, secularmente abundante nas águas do continente, sendo o símbolo da fartura naquela região e até desenhado no brasão da república de Austral-Fênix, simplesmente desaparecera daqueles mares, extingüira-se por completo no Golfo dos Franceses, para onde vinha reproduzir-se desde tempos imemoriais, anteriores à descoberta pelos navegadores portugueses. O peixe-ouro da Polinésia sumira para sempre das costas da ilha-continente.”

©CARASSOTAQUE
publicado por ardotempo às 17:40 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Saudade ou nostalgia?

Qual palavra você usa, qual prefere?

Nunca entendi a popularidade da categoria sub-ontológica da saudade na cultura portuguesa. Deu poesia, fados e Madredeus, filosofias? E até ensaios de gente respeitável e que muito admiro, como Eduardo Lourenço? Ainda assim, nada disso justifica a hipertrofia dessa não-coisa, que aliás não consigo deixar de associar a um estado muito historicamente situado da nossa cultura e hoje apenas produtivo em versões suas de exportação - ou em ensaios editados pela Imprensa Nacional, que, vá lá saber-se porquê, decidiu há já uns anos acolher tudo isso (saudade, saudosistas, especialistas em saudade, em saudosistas e saudosismos), como se aí reconhecesse uma alta missão civilizacional.

Prefiro a versão de Fernando Assis Pacheco, que à sua maneira desobrigada é mais profunda e produtiva do que a de toda essa tralha do tardo-Oitocentos que não acaba de morrer.

Transcrevo de uma entrevista do autor a Rogério Rodrigues e Torcato Sepúlveda, no Público (24/02/1991), hoje recolhida em Retratos Falados (Porto, Asa, 2001, p. 44):

" Uso pouco a palavra saudade, em [favor] da palavra nostalgia.
O conceito de nostalgia é muito mais dorido do que o de saudade. A saudade é bonita, dá para o Carlos do Carmo e a Amália cantarem. A nostalgia pressupõe amigos que morrem; mulheres amadas que desaparecem; filhas que crescem e já não são como eram em pequeninas; eu que já não tenho a destreza dos vinte anos, já não jogo à bola, já tenho digestões difíceis. A nostalgia não está devidamente contemplada na poesia portuguesa. À força de tentarmos fazê-la passar por uma categoria filosófica menor chamada saudade, esquecemo-nos de que o tempo foge e ninguém o agarra.


(…) Quando uma geração nasce, a outra morre. É preciso que surja uma geração capaz de sentir a felicidade, quando nós envelhecemos. A nostalgia é isso, algo que nos mantém vivos quando já sabemos que vamos morrer."

Fiquemos com a diferença que Assis Pacheco propõe com "nostalgia": não uma versão auto-caritativa dos estragos da temporalidade, como a saudade sempre foi produzindo – para não referir a versão kitsch inscrita nas tão populares "saudades do futuro" - mas qualquer coisa da ordem do irrevogável. Não saudade, mas antes, e para propor uma tradução e tradição respeitável, ser para a morte.

A nostalgia, se leio bem a sua diferença em Assis Pacheco, não é a saturação memorial e memorável do passado, como na tradição da saudade, mas antes a experiência imprescritível da perda. Nostalgia é saber o que se perdeu e, sobretudo, que se perdeu.

Como no futebol se aprende, e como Assis Pacheco sabia, a pior ilusão é a de supor que alguma vez se levanta a taça.

É a essa ilusão que chamamos saudade.

Osvaldo Manuel Silvestre
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Publicado no blog Os livros ardem mal  em 13.03.2008
publicado por ardotempo às 13:31 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Lina Bo Bardi - Arquiteto de gênio, criadora do MASP



Lina Bo Bardi, a grande "arquiteto" do MASP (ela gostava de ser chamada assim), criadora de uma arquitetura inovadora no espaço de seu museu - o de coleção mais significativa na América Latina - na forma espacial da arquitetura e na maneira original de expor as obras de arte, com os visualmente leves cavaletes de vidro - o acervo transparente.
Criou também notáveis exposições como A Mão do Povo Brasileiro sobre o artesanato nativo de alta qualidade artística, cenografias ousadas, figurinos e objetos para o teatro de vanguarda brasileiro.

Aqui está o Polochon, o porco-travesseiro, ou o porco com dois traseiros ou “com duas cabeças“, objeto escultórico cor de rosa, deslizante sobre rodízios e personagem integrante (e remanescente) da cenografia criada por ela para a peça Ubu-Rei, de Alfred Jarry, vulcânico sucesso do Grupo Ornitorrinco nos anos oitenta em São Paulo e vetor da fantasia nonsense, provocadora e revolucionária de Lina Bo.

Lina Bo Bardi - Polochon / objeto escultórico em resina, circa 1980
Foto de Pierre Yves Refalo
publicado por ardotempo às 01:31 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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