Sexta-feira, 29.02.08

Você usaria...?

VIVE LE PARFUM, LE PARFUM EST MORT

São perfumes de uma nova tendência, uma espécie de viés transversal do marketing tradicional, num apelo que corre livre, desfraldando um volume significativo de sensacionalismo mesclado a uma certa dose de transgressão, sem no entanto abandonar os parâmetros mercadológicos da indústria, da distribuição, da publicidade, da mídia e do comércio.
 
Afinal, existe uma griffe, uma loja, um ponto comercial bastante caro, bem localizado no epicentro do Marais, em Paris (nas proximidades do Musée Picasso), os profissionais especialistas da elaboração das fragrâncias, uma programação visual de gosto estético duvidoso pelo seu apelo assumidamente pornográfico…

O apelo é libertário. Os perfumistas da marca lançaram até um manifesto de desafio aos condicionamentos do mercado.
Os perfumes propõem aromas de sangue, de suor, de sexo, de sêmem…

Existem várias opções de fragrâncias pesquisadas e desenvolvidas, segundo seus criadores. Os frascos são bem simplificados e os nomes impressos nos rótulos apresentam-se provocativos: “Putain des Palaces”. “Sécrétions Magnifiques”, "Éloge du Traitre"… Já à venda em Paris. Você usaria?

Entre na loja virtual, leia o manifesto, veja as alternativas e as descrições das fragrâncias e, quem sabe, escolha o seu perfume.
publicado por ardotempo às 22:25 | Comentar | Adicionar

Poeta Maria

O herói desvalido

Maria Carpi

Pode o invicto, entronado,
vir a esquecer de que é um
indigente sob o cetro e a toga.
Mas o indigente, desvalido,

não esquece de sua realeza
cerzida em trapos. Pode
o belo olvidar o fenecimento,
mas a finitude não olvida

a beleza em cinzas. Pode
o vivente obscurecer da morte
a passagem, sendo a morte
o lume de sua escassa vida.

A indigência pressupõe severa
vigilância no sair. Ao inverso
da morada, não tem paredes
e gavetas. É um contínuo esvair.




O herói desvalido © Maria Carpi, Editora Bertrand Brasil, 2006
Desenho a crayon-conté de Alfredo Aquino
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publicado por ardotempo às 18:27 | Comentar | Adicionar

O grito



É o título de uma das fotos em preto&branco de Marcos Magaldi, da sua elegante exposição individual FRAGMENTOS.
Toda ela construída por intervenções sutis em laboratório convencional, no instante da fatura das ampliações fotográficas em papel, sem recorrer jamais e a qualquer tempo às intervenções manipuladas em computador sobre matrizes digitalizadas.
Trata-se de uma decisão seletiva e subjetiva do fotógrafo-artista, que utilizou equipamentos convencionais (câmeras não-digitais) e filmes p&b negativos, para a composição das 25 imagens presentes na mostra. São ampliações em papel de fibra especial, tiragem vintage.
A exposição será apresentada em Porto Alegre RS em 2008 e seguirá itinerância em circuito internacional em 2009.

O grito © Foto de Marcos Magaldi. Exposição FRAGMENTOS São Paulo SP
publicado por ardotempo às 17:39 | Comentar | Adicionar
Quinta-feira, 28.02.08

LUZ




É o conjunto de fotografias de Mário Castello, apresentando imagens captadas fotograficamente por cameras convencionais de filme-película, Hasselblad e Leica, tendo como tema a Arquitetura Brasileira Contemporânea, na qual estão presentes obras realizadas no Brasil por arquitetos como Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Ruy Ohtake, Lina Bo Bardi e Álvaro Siza Vieira. São 26 ampliações em grande formato, tiragem vintage em papel especial, mostrando uma seleção de imagens de grande impacto plástico.
A exposição será apresentada em Porto Alegre RS em 2008 e seguirá itinerância em circuito internacional em 2009.


 

Museu de Brasilia, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba - © Fotos de Mario Castello,
São Paulo SP  - Exposição LUZ
publicado por ardotempo às 20:17 | Comentar | Adicionar

Salomés



É o título da foto de Mauro Holanda, na mostra individual ALMA DESCARNADA.
Trata-se de um conjunto de fotografias contemporâneas apresentando imagens de notável originalidade em tratamento estético-fotográfico e de temática, com carnes variadas, aves, peixes e outros alimentos. São cerca de 30 ampliações em grande formato, tiragem vintage em papel especial. A exposição será apresentada em Porto Alegre RS em 2008 e seguirá itinerância em circuito internacional em 2009.

Texto da mostra: Emmanuel Tugny, escritor – Bretanha, França

Alma Descarnada © Foto de Mauro Holanda, São Paulo SP
publicado por ardotempo às 17:43 | Comentar | Adicionar
Quarta-feira, 27.02.08

À memória de um amigo brilhante




Decio Bar
foi um criativo brilhante, poeta, escritor e jornalista. Confrontou a ditadura militar e a aspereza do pragmatismo que ela gerou, com a sua arte, seus textos, seu comportamento, sua ironia e sua sensibilidade. Foi, prematuramente, também uma de suas vítimas. Seus poemas estão sendo lançados agora, postumamente, por iniciativa de sua filha, Joy Bar, reunidos no livro Escritos.

Livro: ESCRITOS
Poesia / 120 páginas
Autor: Decio Bar
Editora: Scortecci Editora São Paulo SP Brasil
Ano: 2008
ISBN: 978-85-366-1088-7

Grandes nomes são homenageados perpetuamente em locais públicos. Decio Bar merecia ter seu nome sempre lembrado numa rua ensolarada em frente ao mar tropical ou numa avenida margeada de plátanos monumentais, nunca num viaduto que é mera passagem, jamais num túnel que é apenas um buraco úmido.
publicado por ardotempo às 22:17 | Comentar | Adicionar

Cartas



“Apanhar a carta e penetrar na mensagem enviada por uma pessoa muito amada é sublime. Os mais velhos se lembram da música que Isaura Garcia, a única paulista coroada Rainha do Rádio brasileiro, imortalizou:

“Quando o carteiro chegou,
o meu nome gritou com uma carta na mão.
Ante surpresa tão rude,
não sei como pude chegar ao portão”.

Cartas. Podem também ser desenhadas, pintadas, como estas aqui. E a sua missão, agora que entrou na exposição do Aquino é conseguir ler o que ele escreveu em cada desenho, em cada pintura. Escreveu para você, para mim? Para quem? E como sabia que você viria, eu viria?”

Ignácio de Loyola Brandão – Cartas, São Paulo 2004/2006

Carta – Pintura de Alfredo Aquino / Óleo sobre tela, 2004
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publicado por ardotempo às 12:39 | Comentar | Adicionar

Função ELVIS



Livro: FONCTION ELVIS
Romance de literatura contemporânea francesa
Autora: Laure Limongi
Editora: LL Laureli / Leo Scheer – Paris, França
Ano: 2007
ISBN: 2-756100-35-8

Pode-se rever dez vezes por dia o mesmo episódio da mesma série, zapeando nos canais internacionais. Os tempos se sobrepõem. Os rostos. Os pêndulos paralisam-se. Em Las Vegas cruza-se com Elvis Presley todos os dias. A América é o mundo de todas as possibilidades. É preciso ver o seu sonho, cálido e açucarado, de tempos em tempos. Verificar se ele acontece. Elvis Presley morreu em 16 de agosto de 1977, na sua residência de Graceland, em Memphis, Tennesse. Elvis morreu e ele vive. Não aconteceu um desfecho. Cruza-se com ele todos os dias, várias vezes ao dia, em Las Vegas. Em roupa branca completa com franjas, em couro negro, em jaqueta bordada, com capa de super-herói, berloques, pedrarias, cinturões largos… a pé, escoltado por guarda-costas, atrás de vidros fumés ou em Cadillacs imponentes. Há centenas de Elvis. Elvis com 20 anos, Elvis com 30 anos, Elvis com 40 anos. Existem Elvis negros, Elvis anões, Elvis mulheres, Elvis platinados, noruegueses. Eles povoam as ruas de Las Vegas, que é o mundo. E o mundo é Graceland.

página 77  (Fonction Elvis – © Laure Limongi – Éditions Laureli / Leo Scheer)
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Terça-feira, 26.02.08

A leitora



"Há em cada leitor um voyer." - Jean-Yves Mérian

Leitora - Pintura de Alfredo Aquino / Óleo sobre tela, 1980
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publicado por ardotempo às 21:50 | Comentar | Adicionar

Pintura de ANTONIO SAURA




Tauromaquia
é a primeira de cinco grandes exposições que o Museu Les Abattoirs de Toulouse, França, dedica durante o ano de 2008 a Antonio Saura, na data do décimo aniversário da morte (1998) daquele que é considerado um dos grandes pintores espanhóis do século XX.

As cinco mostras programadas para este ano são:
Tauromaquia, Erótica, Transformações e Superposições, Saura Ilustrador e a Série Desenhos - de 1994.
Saura considerava-se um insaciável voyer de idéias e da beleza, uma vez que confessava que sem uma visão inteligente e culta não se podia alcançar uma boa pintura. Da mesma maneira que declarava que as melhores obras surgiam da "vertigem da cegueira". (El País)

Maja / Femme-Fauteuil / Portraits Imaginaires de Goya
Pintura de Antonio Saura -  Óleo sobre tela
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publicado por ardotempo às 18:19 | Comentar | Adicionar

Homenagem à Iluminuras



Saudações e admiração aos editores Beatriz Costa e Samuel Leon pelos 20 anos de lutas, resistência, persistência e posicionamento  editorial não-concessivo.
O seu público e os seus escritores estão com vocês. Parabéns luminuras.

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publicado por ardotempo às 11:48 | Comentar | Adicionar
Segunda-feira, 25.02.08

O Museu do Sul



Dentro de algumas poucas semanas será inaugurado um esplêndido museu ao sul do mundo, especificamente em Porto Alegre RS, no estado meridional do Brasil.
A Fundação Iberê Camargo abrirá suas portas, com um projeto arquitetônico soberbo (assinado pelo celebrado arquiteto português  Álvaro Siza Vieira), uma  extraordinária qualificação museológica, um acervo denso (a obra expressionista do pintor Iberê Camargo) e a promessa de uma programação de mostras temporárias de alto nível, em obras e artistas contemporâneos e modernos.
Será, provavelmente, o melhor e mais bem equipado museu do Brasil, uma vez que foi pensado para ser dessa maneira e quem o pensou assim, sabia bem como fazê-lo, por experiência anterior acumulada. Vem para instrumentalizar museologicamente a cidade que é a sede da Bienal do Mercosul, no momento a mais organizada e fecunda mostra de arte bienal da América Latina.
O novo espaço museológico da Fundação Iberê Camargo está destinado a ser o mais importante museu de arte contemporânea de Porto Alegre (e do sul do País), não apenas pela sua beleza arquitetônica, pelo seu tamanho, pelos espaços expositivos ou pela excelência de seu acervo; isso tudo conta favoravelmente, porém soma-se a outros aspectos de presença e performance, que irão diferenciá-lo frente aos consumidores culturais.
A beleza arquitetônica simboliza a ampliação nacional e internacional de uma percepção acerca da existência de um movimento cultural-artístico sistemático, sério e profundo na América Latina.
O tamanho do Museu está regido pelo fato específico de ser um projeto dedicado, ou seja, pensado para ser um museu desde sua origem, por um arquiteto especializado no tema, e não uma adaptação ou uma reforma de um edificio histórico, anteriormente projetado para outras funções, como costuma ser o legado de grande parte de nossas casas de cultura.
Seus espaços expositivos foram idealizados e concebidos para a qualidade de sua utilização.
A excelência do acervo está lastreada na presença das obras significativas, de várias fases e na integralidade da obra gráfica de um dos melhores e mais influentes artistas brasileiros.
A Fundação Iberê Camargo vem se notabilizando também por outras atuações originais e sistemáticas. Daí decorre o aumento exponencial de sua importância no cenário artístico nacional. E também a expectativa acerca da futura programação de mostras temporárias.

Fundação Iberê Camargo - Foto de Mário Castello, 2008
publicado por ardotempo às 21:12 | Comentar | Adicionar

Project GOTAN



Project GOTAN
é um extraordinário grupo de pesquisa de linguagens -
musical, imagética, cinematográfica e poética, formado por músicos e artistas, franceses e argentinos. Eles buscam resgatar os elementos icônicos do tango, a sua tradição e a sua revolução, mesclando-os com a música eletrônica e um contexto radicalmente contemporâneo, que amplia o impacto de sua proposta de vanguarda.

Bem-vindo PROJECT GOTAN
publicado por ardotempo às 18:15 | Comentar | Adicionar

Poesia de Mariana Ianelli - Almádena

Livro: ALMÁDENA
Poesia /  102 páginas
Autora: Mariana Ianelli
Editora: Iluminuras - São Paulo SP Brasil
Ano: 2007
ISBN 978-85-7321-260-0

          
DO ADEUS


Porque é sempre despedida,
Todas as noites, desde o princípio,
Na resma de papéis escritos,
No que só o olhar suplica.

Porque é sempre uma ponte,
Um banco de jardim, um navio:
Pequeno mundo de viagens prometidas,
Sem outro regresso que partir.

Homens do Mediterrâneo,
Plural de um só navegante,
Ser e esquecimento,
Um minuto apenas e tanto sangue.

O que se cria do que se perde,
Cavalinho de bronze,
Borra de açúcar, gota de rubi –
O infinito durante.

De tudo há que se colher o pó,
Continuar a alma, legar para o filho.
Em tudo há que se viver um domingo.

Porque sete vezes sepultado.
Porque no vento e para o vento, cotovia.

Morrer de ter sido, quantos não morreram.
Amar por ter amado, quem poderia?

Nos galeões naufragados,
Os punhais esperam pelos escafandristas.
Escudos, canhões, astrolábios e lamparinas
Repetem o céu com sua campa vidrada
E a paz que, por existir, está dita.
 
O último debate, o último trago,
Hoje o último dia.
Sempre o mesmo e diverso
Merecimento da vida.

Esta casa, feita para dois,
É prata do mar se exibindo.
Para quem vai sozinho,
A paisagem é bem outra,
Deserto de baleias, estrada de beduíno.

Nos espaços abertos
Dentro de salas e quartos,
Longe, muito longe,
Sempre há uma vontade de nuvem.

Sempre um estar mais além,
Andrômeda, colibri.

A madeira que se move, imperceptível;
Um punhado de brasa, um vestido –
Tudo que a terra pulveriza.
E, no entanto, este coração
Martelando sob o tecido.
Agora a última sístole.

Encontrar a chave anos mais tarde,
Quando a passagem já está perdida;
Descobrir uma carta selada,
Quando a palavra secou na raiz.
Instante dos instantes,
Viaja-se de encontro ao extinto.

Seja como for, a vida fugitiva.

Talvez a ânsia de vitória
Perdoe o soldado desconhecido.
Talvez a roda de bicicleta
Despedaçada contra o portão
Envelheça o menino.

Mas sempre isto e um albatroz,
Sempre as marés do Pacífico.

Um século esculpindo a montanha,
Fazendo-a consentir.
Porém, terá sido menos da rocha que do fogo
O seu mirante, o seu abismo.

Porque, entre cinzas, o grão do possível.

Aquele que chega ao Farol de Santa Marta
Não volta dali completamente,
Nem o farol é mais o que era
Antes, pouco antes de ser visto.
Uma luz vai, um corpo fica.

Porque cada coisa, para ser,
Em seu todo se divide.
As fases da lua, a pele da orquídea,
As cores com que se faz o branco.

Houston, Valparaíso,
E Cáceres e Labé,
Siena, Malakal, Xangai,
E Bayamón e Quebec.
Onde o tempo deságua,
Onde a eternidade hesita.

Se as distâncias se alargam,
Gavião, codorniz.

O mito, desde sempre, o mito.
Mas outubro tudo que passa.
Regato o próximo que se afasta,
O estrangeiro que desliza.

Sempre menos e a esfinge do exílio.

Por um gole de rum,
Por teus olhos antigos,
Ainda estar aqui.
Por pouco, muito pouco,
Ainda acordar e vestir-se.

Em nome de alguma história de brisa,
De uma hora debaixo da sombra,
Um sonho que se batiza.

Quantas tardes por uma tarde,
Quantos mares por um destino.

Ainda se ouve uma prece
Rugindo no cemitério dos livros.
Ainda a fresta de um muro
Cala o testemunho do grito.

Num espelho coberto,
No desenho lapidar das ruínas,
Qualquer volúpia ou gaivota,
Vaga fluindo e refluindo.
 
E as cordas tiradas da harpa.
E as páginas soltas de uma elegia.
Tudo que resta incompleto
Porque areia, neblina.

Sempre o desmedido,
A graça e o desmedido.

Estilhaço de vidro,
Uma ampulheta, um cachimbo,
Todos objetos e nenhum,
Todos inquilinos do sigilo.

E o ninho expulso do topo,
E o fruto não nascido.
Tanta morte, tanto sono
Para que um, entre milhões, andorinha.

Porque pássaro diz o carvalho
E água o bordejo das línguas.
Porque não mais e por enquanto,
Porque não ainda e neste ínterim.

Vem do sul uma nudez pelicana,
Vem a corola e sua margem de abismo.
Do sul aquele rio neste rio
Subtraído de um momento,
Mas transbordante de si mesmo.

Adeus, pavio de vela,
Negro turbante, água de batismo.
Adeus para a pedra que rola,
Adeus para ti, pequenino.

A flecha será arremessada,
A flecha acaba de acertar a mira.
Na travessia de um ponto a outro,
Sempre o fim e volver para cima.

O que paira, o que silencia.


© Mariana Ianelli  - Almádena / Iluminuras, 2007

publicado por ardotempo às 10:26 | Comentar | Adicionar
Domingo, 24.02.08

Futuro do livro?

Porque pagar por algo que é gratuito?

Um caso bem didático para se refletir, especialmente por aqueles que não param de difundir a (falsa) perspectiva de se estar testemunhando o dia  em que o computador liquidará definitivamente com o livro: o relatório da Comissão para o Desenvolvimento Francês dirigido por Jacques Attali, e publicado com o título “300 Decisões para mudar a França” (338 páginas – 18,90 euros ou R$ 47,25) vende muito nas livrarias.

Com uma tiragem até o momento de 75.000 exemplares, o livro figura na segunda colocação entre livros de documentação mais vendidos, um pouco atrás de “Uma Vida” de Simone Veil, na lista de melhores vendas do LivresHebdo.

E isso, considerando-se que o mesmo texto pode ser integral e gratuitamente baixado por internet no site da Documentation Française, o editor normal do Estado francês!

Porque tanta gente estará ainda disposta a pagar cerca de 20 euros (cerca de 50 reais) por algo que está disponível sem custos na internet? Se ainda se tratasse de literatura, poder-se-ia desenvolver argumentos tais como a magia do livro ou a sensualidade de tocar a página impressa de papel. Mas trata-se de um relatório, que por definição, demanda uma leitura fragmentada e  muito localizada.

A que conclusões chegarão os membros da Comissão pelo Futuro do Livro ao Momento da Digitalização, dirigida por Bruno Patino e como esta formatará o seu próprio relatório em proposta para a leitura no instante de sua publicação? Será colocado em internet, estará impresso nas livrarias, será enviado por pombos correios ou de alguma outra maneira mais apropriada?

Pierre AssoulineLa Republique des Livres – Le Monde – 22.02.08
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publicado por ardotempo às 22:19 | Comentar | Adicionar

MOLYPOP - Rock e Literatura



Banda de rock e de música contemporânea francesa, integrada por músicos de primeirissima grandeza, todos poli-instrumentistas, e ainda compositores e escritores de vanguarda, de St. Malo, Rennes e Paris. Fazem parte do grupo Laure Limongi (piano e voz), Anne Prigent (voz e coordenadora do grupo), Yann Linaar (teclados), Otávio Moura (bateria), Christophe Boissiere (composição, guitarra e citara) Olivier Mellano (composição e guitarra) e Emmanuel Tugny (composição, guitarra, banjo e baixo).
 
Molypop acaba de lançar na França seu CD “Sous la barque (Quand on Creuse)” por Trackmusic, em fevereiro 2008.

O projeto do grupo MOLYPOP, que é uma comunidade musical em evolução, foi o de aprofundar o conteúdo de seu novo CD em torno de temas ligados à natureza, a sua fragilidade e o risco de sua extinção, num conceito que resgata a tradição da canção pop francesa e as suas exigências contextuais, unindo-a com a forma exuberante, aventureira e rebelde da canção pop anglo-saxã dos anos sessenta e setenta, fonte predileta dos membros do grupo, no universo dinâmico e abrangente de sua proposta criativa.

Escutar algumas faixas em myspace/molypop
publicado por ardotempo às 17:48 | Comentar | Adicionar

Azul e Negro



Ver é delírio.
Como dizê-lo?

O azul é noite
o azul é morte.
Como sabê-lo?

O azul é negro
no seu cabelo.

Ver é delírio.
Bastasse vê-lo
o azul é negro
ardendo aceso
no seu carvão.

Ver
pode ser
azulcinação.

Poema de Ferreira Gullar e pintura de Siron Franco
publicado por ardotempo às 14:04 | Comentar | Adicionar

Uma frase para Maquinaria da Arte



No concreto e ao final de tudo, uma obra de arte não se realiza com as idéias e sim com as mãos.” – Pablo Picasso
publicado por ardotempo às 13:30 | Comentar | Adicionar
Sábado, 23.02.08

A defesa da natureza

“A comunhão com a natureza, realizada por Gonzaga, é tão significativa e ele a trasmite por meio de suas obras e textos, comovendo-me profundamente, porque eu a sinto de maneira semelhante. Poderia atribuir-lhe os mesmos termos de meu manifesto do Naturalismo Integral, que escrevi na Amazônia, na bacia do Alto Rio Negro, numa quinta-feira, 03 de agosto de 1978. O Naturalismo Integral de Gonzaga é alérgico a toda forma alienante de poder ou da metáfora do poder. O único poder que ele reconhece não será este, destruidor e abusivo, o da sociedade, mas aquele outro, purificador e catártico, o da imaginação a serviço da sensibilidade. O naturalismo assim concebido diferencia-se radicalmente do realismo, que é sempre a metáfora do poder. Isso implica não somente numa maior organização da percepção, mas também , num maior desenvolvimento humano.

O naturalismo integral de Gonzaga se faz da paixão e da iniciação. Numa carta que o artista escreveu-me em 12 de agosto de 2001, ele declara:
Quero embriagar-me com tanta beleza, com a beleza da natureza. Não se trata de alienação. A alienação é o fato de, contra ela, NATUREZA, se cometer tanta violência.

O percurso poético integral de Gonzaga repousa sobre a recusa radical a esse tipo de alienação. Sua cultura identifica-se plenamente com o conceito da vitalidade global da natureza. É na potência cósmica da fecundação que a natureza detém o mistério da vida. É  a partir dessa magia fundamental que o artista procura exprimir-se com suas esculturas, numa linguagem formal que não é nem descritiva nem metafórica, mas emblemática e simbólica sobre os elementos da Natureza profunda.” – Pierre Restany, Paris 2002

Considerado pelo crítico de arte francês como um dos mais importantes escultores brasileiros contemporâneos, GONZAGA, com a sua defesa incondicional da Natureza se faz uma voz autorizada e presente, nesse momento assombrosamente caótico e de generalizada omissão cínica, em que o meio ambiente e a própria Humanidade encontram-se em risco grave pelos desmandos da cupidez continuada. A ARTE de Gonzaga se faz presente da mesma maneira severa, corajosa e solitária como o foi o grito desferido por Picasso no meio da sombria noite do século, na qual todos se mediam resignados e impotentes.

A SEIVA DA TERRA Escultura monumental de Gonzaga (2002)
publicado por ardotempo às 23:54 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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