Sábado, 11.02.12

Beijos interditados

A tumba dos beijos proibidos

 

 

O acesso à tumba-monumento dedicada ao poeta Oscar Wilde, no cemitério de Père Lachaise, em Paris, será bloqueado com altos vidros blindados para impedir a continuidade da profusão de beijos (e os seus vestígios de batom) sobre a pedra esculpida. A alegação alarmada das autoridades do patrimônio da cidade de Paris é que os beijos (poderosos) das moças estão causando danos irreversíveis ao monumento.

 

 

A justificativa oficial afirma que os produtos químicos contidos nos pigmentos e colorantes dos atuais cosméticos para os lábios femininos (e em alguns casos, masculinos) tornaram-se potentes demais com seus fixadores cromáticos e tão eficazes que as cores são absorvidas pela pedra e a tal profundidade que já não podem ser removidas por detergentes e produtos de limpeza convencionais.

 

 

 

O monumento deverá passar por uma restauração demorada para retornar à sua cor branca de giz original - e a partir deste início de ano de 2012 os beijos destinados à alma do grande poeta e às superfícies porosas da escultura estão desde já definitivamente interditados.

publicado por ardotempo às 20:25 | Comentar | Adicionar
Terça-feira, 13.12.11

Um brinde a DON FRUTOS

Um brinde a Dom Aldyr Garcia Schlee

 

 

 

 

 

 

Um brinde especial à primeira e melhor leitora de Schlee: Marlene

 

Um brinde ao lançamento dos livros Uma terra só, Contos de Verdades, Contos de futebol e à nova tradução de Dom Segundo Sombra

Um brinde aos escritores Paulo José Miranda e Pedro Gonzaga

Um brinde ao Trio Chico.

 

Um brinde ao público leitor de Aldyr Garcia Schlee e a todos os amigos do escritor, no dia 15 de dezembro no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo - 19h30

 


publicado por ardotempo às 11:59 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar
Quinta-feira, 08.12.11

Homenagem, conversa, leituras, livros, autógrafos e música

Homenagem ao escritor Aldyr Garcia Schlee

 

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

– Grupo CEEE

Rua dos Andradas, 1223 – Porto Alegre – RS

Telefones: (51) 3228.9710 – 3226.5342 – 3226.7974

 imprensa@cccev.com.br www.cccev.com.br

 

15 de dezembro - 19h30

 

 

 

Homenagem ao escritor Aldyr Garcia Schlee inclui lançamento de livros no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

 

O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV) promove, dia 15 de dezembro (quinta-feira), às 19h30min, o lançamento, com coquetel, de quatro livros de autoria de Aldyr Garcia Schlee, em homenagem a este escritor e jornalista gaúcho, que dentre realizações fundou o jornal Gazeta Pelotense e a Faculdade de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), além de possuir significativa produção literária.

 

O evento ocorre no auditório Barbosa Lessa, 4º andar, na Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico de Porto Alegre. Com larga experiência no cenário literário e artístico, Schlee construiu uma trajetória profissional que tem lhe proporcionado reconhecimento no cenário regional, nacional e, também, internacional. Uma prova disto é fato de ser um dos finalistas da 18ª edição do Prêmio Açorianos de Literatura 2011, com o romance Don Frutos, da editora ardotempo, cujo resultado será divulgado no dia 12 de dezembro.

 

A programação prevê ainda um bate-papo com Aldyr Schlee, Paulo José Miranda e Pedro Gonzaga sobre o romance Don Frutos.

 

Os livros que serão lançados, edições ardotempo, são os seguintes: Contos de futebol (reedição 2011); Contos de Verdades (reedição 2011) - Prêmio Açorianos de Literatura, 2001 – ambos com capa de Gilberto Perin; Uma terra só (reedição 2011) - Prêmio II Bienal Nacional de Literatura 1984 – capa de Marcelo Freda Soares; Dom Segundo Sombra, de Ricardo Güiraldes - Tradução Aldyr Garcia Schlee (notas e elucidário) - Edição Comemorativa (2011), com capa de Leonid Streliaev.

 

 

 

 

O Trio Chico será a atração musical da noite, que reúne Andrea Cavalheiro (voz), Pedro Gonzaga (sax e voz) e Rodrigo Rheinheimer (violão), que apresentam em seu repertório composições de Chico Buarque de Holanda.

 

Sobre Aldyr Garcia Schlee – Um dos contistas e romancistas mais importantes do Brasil na atualidade, que vive de sua literatura.

Gaúcho de Jaguarão, é também tradutor, desenhista e professor universitário. As suas especialidades são a criação literária, a literatura uruguaia e gaúcha, a identidade cultural e as relações fronteiriças. Doutor em Ciências Humanas publicou vários livros de contos e participou de antologias, de contos e de ensaios. Traduziu a importante obra "Facundo - Civilização e Barbárie", do escritor argentino Domingos Sarmiento e fez a edição crítica da obra de João Simões Lopes Neto. Criou o uniforme verde e amarelo da seleção brasileira de futebol, mais conhecido como Camisa Canarinho, sendo um dos símbolos da nacionalidade brasileira mais reconhecidos no Brasil e no exterior. Recebeu duas vezes o prêmio da Bienal Nestlé de Literatura Brasileira e foi quatro vezes premiado com o Prêmio Açorianos de Literatura.

 

 

 

 

 Imagens: Retrato do escritor Aldyr Garcia Schlee - Gilberto Perin

 Capa de livro DOM SEGUNDO SOMBRA - Leonid Streliaev

publicado por ardotempo às 00:09 | Comentar | Adicionar
Sábado, 03.12.11

Homenagem ao escritor Aldyr Garcia Schlee - Dia 15 de dezembro


Homenagem a Aldyr Garcia Schlee 


Centro Cultural CEEE Erico Verissimo - 19h30

Rua dos Andradas, 1223 - Centro Histórico

Porto Alegre RS

 

 

 

Conversa com Aldyr Garcia Schlee, Paulo José Miranda e Pedro Gonzaga

- sobre o romance DON FRUTOS (Prêmio Fato Literário 2010)

 Capa: Fotografia de Gilberto Perin

 


 

 

 

Lançamento de 4 livros, edições ardotempo:

 

 

 

 

 

Contos de futebol (reedição 2011)

Capa: Fotografia de Gilberto Perin

 

 

 

 

 

Contos de Verdades (reedição 2011) - Prêmio Açorianos de Literatura, 2001

Capa: Fotografia de Gilberto Perin

 

 

 

 

 

 

 

Uma terra só (reedição 2011) - Prêmio II Bienal Nacional de Literratura 1984

Capa: Fotografia de Marcelo Freda Soares

 

 

 

 

 

 

 

 

Dom Segundo Sombra - de Ricardo Güiraldes - Tradução Aldyr Garcia Schlee (Notas e Elucidário)

- Edição Comemorativa (2011)

Capa: Fotografia Leonid Streliaev

 

 

 

Coquetel de Lançamento

 

Pocket Show -TRIO CHICO

 

 

 

publicado por ardotempo às 22:58 | Comentar | Adicionar
Terça-feira, 30.08.11

Walmor Bergesch

Walmor Bergesch é sepultado

no Cemitério Evangélico Luterano,

em Porto Alegre 

 

Jornalista, escritor, radialista e empresário morreu vítima de um câncer raro nos rins.

 

 O jornalista, escritor, radialista e empresário Walmor Bergesch, que morreu aos 73 anos no início da madrugada desta segunda-feira, foi sepultado no final da tarde no Cemitério Evangélico Luterano de Porto Alegre RS Brasil. Familiares, amigos e ex-colegas acompanharam a cerimônia, que terminou por volta das 17h.

 

Nelson Sirotsky, presidente do Grupo RBS:

 

"O Walmor foi um dos pioneiros da comunicação no nosso Estado. Participou, direta ou indiretamente, de todos os grandes momentos da comunicação no Rio Grande do Sul, desde a implantação da televisão a cores no país até a televisão a cabo, os canais segmentados. O Walmor trabalhou diretamente conosco na implementação do sistema de televisão paga no país, na implantação do Canal Rural e da TVCOM. São projetos que têm um pouco do nosso Walmor Bergesch. Nós estamos muito tristes, muito emocionados e muito agradecidos à grande contribuição do Walmor Bergesch à comunicação do nosso Estado."

 

Jayme Sirotsky, presidente emérito do Grupo RBS:

 

"Minha relação com o Walmor foi de uma vida inteira. Desde cedo, ele foi um jovem brilhante e empreendedor, que marcou fortemente a sua passagem pelos meios de comunicação aqui no Sul, especialmente a televisão. Foi, com brilho, nosso companheiro aqui na RBS por muitos anos, onde ocupou posições muito importantes até se aposentar. A ele se devem muitas ideias criativas que marcaram e qualificaram a TV Gaúcha, hoje RBS TV, e que são parte do legado de Walmor aos meios de comunicação do Rio Grande do Sul. Sempre tive com ele uma relação pessoal de muito afeto, e por isso me sinto hoje pesaroso. É uma daquelas amizades que muito se lamenta quando se perde."

 

Celso Kaufman, empresário, foi colega de trabalho de Walmor em emissoras de TV:

 

"Desde que começou a carreira, ainda no rádio, era um homem que enxergava à frente. Tinha uma visão que ia além de todos os seus pares. Foi um pioneiro, um líder e um formador de equipes."

 

Alfredo Aquino, editor do livro Os Televisionários (editora adotempo), de Walmor Bergesch: 

 

"Trabalhamos durante três anos no livro. Era um homem de uma grandeza incrível."

 

Personalidade e liderança:

 

Segundo Nestor Bergesch, o irmão, que atuou na instalação e na inauguração das primeiras emissoras de TV de Porto Alegre, era um especialista neste meio de comunicação: — Ele era um entusiasmado, um especialista em televisão. Fazia cursos, comprava livros. O Walmor foi se destacando até em função da personalidade de liderança que ele tinha — relembrou Nestor.

 

Aos 73 anos, Walmor estava internado no Hospital Moinhos de Vento desde o dia 7 de julho lutando contra um câncer raro nos rins. Ele foi um dos profissionais que atuou na instalação e na inauguração das primeiras emissoras de TV de Porto Alegre.

 

Trajetória:

 

Walmor Bergesch nasceu na cidade de Estrela, em 10 de abril de 1938. Em 1955, se transferiu para Porto Alegre e começou a trabalhar na Rádio Farroupilha. O jornalista foi um dos 16 profissionais selecionados a pedido de Assis Chateaubriand, diretor dos Diários e Emissoras Associados, para ir ao Rio de Janeiro realizar um curso sobre televisão. Passou cerca de seis meses na TV Tupi aprendendo sobre a nova mídia, que já operava desde 1950 e 1951 em São Paulo e no Rio. De volta ao Estado, integrou a equipe que instalou e inaugurou a TV Piratini em dezembro de 1959.

 

Uma de suas façanhas foi conseguir trazer, para um programa de Bibi Ferreira, atores americanos famosos nos anos 1960, como Anthony Perkins e Karl Malden, que tinham ficado retidos no aeroporto Salgado Filho, a caminho de Buenos Aires. Em 1962, a convite de Maurício Sirotsky, foi chamado para atuar na inauguração da TV Gaúcha como chefe de programação. Aposentou-se na RBS em 1998, mas continuou exercendo o cargo de vice-presidente da área de TV por assinatura até o ano 2000.

 

Walmor, junto com Salimen Júnior, foi quem introduziu a cor na televisão brasileira, em 1972, quando dirigia a TV Difusora de Porto Alegre, atual TV Bandeirantes. Ele foi também o criador do Canal Rural, da TVCOM e implantou redes regionais de TV em vários estados brasileiros.

 


 

Publicado no jornal Zero Hora

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A perda

 

 

Ausência do amigo, do autor, do visionário - Walmor Bergesch

 

 

 

Hoje, dia 29 de agosto de 2011, dia tempestuoso, frio e úmido em Porto Alegre RS Brasil, foi o dia da perda do grande amigo, do escritor e do criativo visionário que transformou a televisão contemporânea brasileira. 

 

O visionário que participou ativamente das equipes pioneiras que criaram três grandes emissoras de televisão, que revolucionou suas tecnologias, que introduziu as imagens em cores no Brasil, que imaginou e criou condições objetivas para a implantação de uma rede regional de televisão, que criou canais segmentados e comunitários de tevê, que estruturou a primeira grande rede nacional de televisão a cabo e escreveu o livro OS TELEVISIONÁRIOS contando a saga dos criativos profissionais (nomeando  e identificando a todos eles) e conjugando dessa maneira o seu livro sempre na primeira pessoa do plural.

Saudações e saudades, generoso e leal amigo.

 

Imagem do autor: Tania Meinerz 

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Quarta-feira, 24.08.11

Mensagem ao pai

Carta ao prefeito de Jaguarão, Sr. Claudio Martins

 

"Caro amigo,

 

A data de hoje reveste-se de especial significado para todos nós. Jaguarenses ou não, familiares do homenageado ou não, estamos sinceramente agradecidos por tudo. No meu caso particular, convivo com Jaguarão e com Schlee há 48 anos.

 

Cresci guri nas casas dessa cidade, despertei para o patrimônio nas ruas de Jaguarão. Em Pelotas, me formei e acompanhei e feitura dos livros de meu pai.

 

Saiba que eles não são escritos, mas exaustivamente pensados, detalhadamente construídos, cuidadosamente desenhados e, finalmente, registrados.

 

Contos que nascem de um universo literário particular, com limites culturais e espaciais definidos, e que abrange os homens que viveram ou que vivem por aqui. Deste lado, ou do lado de lá da ponte. Personagens de histórias reais, travestidas da mais pura e humana ficção. Histórias que, por isso mesmo, são universais. De Jaguarão para o resto do mundo!

 

A Jaguarão que sempre viveu em minha memória e no meu coração, agora é patrimônio de todo o povo brasileiro. Representa, portanto, parte do legado que o Brasil de hoje deixara para as gerações futuras. E é nesta mesma cidade histórica que, a partir de hoje, existirá uma rua denominada Uma terra só. Na nossa Jaguarão e na de meu pai. Preservada como Aldyr Garcia Schlee sempre desejou.

 

Não deixa de ser significativo tratar-se de uma simples via, que nasce em Jaguarão, que mergulha no rio, que emerge em Rio Branco e que tem como horizonte o Uruguai. Sendo ela mesma infinita e uma bela peça de ficção! Uma terra só é uma rua, curiosamente, sem portas! Como que sugerindo um mundo sem fronteiras e sem propriedades. Também como Aldyr Garcia Schlee sempre sonhou e lutou.

 

Caro Prefeito, parabéns pelo conjunto de iniciativas! (dê um forte abraço em meu pai!)

 

Andrey Rosenthal Schlee

Diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

Brasília, 20 de agosto de 2011."

 

 

 

 

 


 

Imagem: Fotografia de Fabio Galli (MALG / UFPel)

publicado por ardotempo às 23:34 | Comentar | Adicionar
Sexta-feira, 19.08.11

O dia da rua e do livro

 

Dia 20 de agosto - Rua Uma terra só

 

 

 

Imagem: Marcelo Freda Soares

 

 

 

Lançamento do livro Uma terra só 

 

 

 

Imagem de capa: fotografia de Marcelo Freda Soares

 

Lançamento do livro Contos de Verdades

 

 

 

Imagem de capa: fotografia de Gilberto Perin

 

Livraria Contexto - Jaguarão - 17horas, (sábado) na Casa de Cultura de Jaguarão.

 

 

 

 

Em breve, durante o mês de setembro:

 

 

Lançamento da reedição do premiado livro Contos de futebol

 

 

 

 

 

 

 Imagem de capa: fotografia de Gilberto Perin

 

 

publicado por ardotempo às 19:05 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar
Quinta-feira, 19.05.11

A rua do escritor

 

O nome da rua: Uma terra só

 

 

 

 

Uma magnifica homenagem ao livro premiado e à obra do escritor Aldyr Garcia Schlee.

 

A mensagem:

 

Caro Jornalista Luiz Carlos Vaz,

 

É com grande satisfação que informo que ocorreu nesta segunda-feira (16.05.2011), na Câmara dos Vereadores de Jaguarão, a aprovação do projeto que intitula a rua ao lado do Mercado Público de Jaguarão - Uma terra sóMerecida homenagem ao escritor Aldyr Garcia Schlee e sua obra.

 

Andréa Lima

Secretaria de Cultura e Turismo de Jaguarão

 

Enviado pelo Jornalista Vaz, de Luiz Carlos Vaz

 

 

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Quinta-feira, 22.07.10

O escritor que gosta de cadernos antigos

Ignácio de Loyola Brandão - Homenagem ao grande escritor que gosta de colecionar os velhos cadernos sem uso e neles escrever a caneta, a tinta e a lápis, os seus espantosos e surpreendentes contos e romances contemporâneos, além de neles colocar suas copiosas e detalhadas pesquisas e colagens de documentos para escritos futuros.

 

 

 


O caderno Avante


No início do ano letivo era sempre a mesma rotina.

 

Antes do primeiro dia de aula era preciso passar nas livrarias Don Bosco, Previtalli, Miscelânea ou Predileta, e comprar o material escolar para o semestre. Lápis, borracha, caderno. Estojo e pasta não era preciso comprar. Esses dois itens durariam todo o Ginásio. Ao entrar no Científico se trocava de pasta para mostrar que já não éramos mais aquelas crianças de primeira ou segunda série. Era só por isso.

 

As pastas, normalmente de couro, estavam inteirinhas, quase novas. Mesmo depois de usadas durante quatro anos, ou mais, no caso de serem herança de irmãos maiores. Mesmo tendo passado por pequenas guerras de pastas, servirem de almofada nos bancos gelados da Praça Esporte, elas resistiriam ainda muitos anos. Os estojos, normalmente de madeira, só precisariam de uma boa limpeza e estavam prontos para mais um ano de uso.

 

Novidades viriam na terceira, quarta série. Esquadro, régua, transferidor, compasso... Uma caixa de lápis de cor e, dependendo da graduação, uma que outra caneta de tinta Johann Faber, a precursora das esferográficas modernas. Certamente um dia elas soltariam a ponta e deixariam as famosas manchas azuis nas pastas, estojos e, muitas vezes, no uniforme....

 

 

 

 

 

 

Uma caneta Parker 51 só veríamos nas mãos dos nossos mestres. Os famosos arquivos não eram bem vistos pelos professores. Tirar ou acrescentar folhas na sequência das matérias não era politicamente correto, mesmo numa época em que essa expressão ainda nem existia. Bom mesmo era caderno, e caderno de grampo.

 

Nada de caderno de molinha (espiral) para ficar arrancando as folhas. Por isso, caderno, era o caderno Avante. Aquele dos escoteiros na capa. Grampeado no meio, com 50 folhas pautadas e com aquela margem vermelha. O resto era supérfluo, coisas caras para quem, como meu pai, tinha que “equipar” quatro filhos para o início das aulas no Estadual. De graça, só um mata-borrão e uma grade de horário. E o caderno Avante ainda trazia na capa traseira a letra do Hino Nacional. O caderno Avante era sempre igual. Mas a cada ano, novinho em folha, e cheirando a tinta, era como se fosse o primeiro de nossas vidas.

 


Luiz Carlos dos Santos Vaz - Publicado em Jornalista Vaz

publicado por ardotempo às 22:47 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar
Segunda-feira, 03.08.09

Homenagem a Luis Fernando Verissimo

 Fotografia de Leopoldo Plentz

 

 

 

 

Gumex - Fotografia de Leopoldo Plentz (Porto Alegre RS Brasil), 2009

publicado por ardotempo às 18:45 | Comentar | Adicionar
Sábado, 30.05.09

O ateliê não está vazio

IANELLI - O pintor da cor sublime
 
 
O ateliê do grande mestre não está vazio. O artista nos deixou no triste e doloroso dia 26 de maio, numa trágica manhã cinzenta da capital paulistana, trágica aos nossos sentimentos pessoais e artísticos. Ele o fez suavemente como fazia tudo, preparando-nos com antecendência para o desfecho, como preparava de maneira suave e coerente, a transição de suas fases. Porém essa possibilidade presumida não nos aliviou em nada. O choque restou brutal a todos nós, como costumava acontecer de mesmo modo quando nos defrontávamos com suas novas propostas artísticas. Elas sempre surpreenderam pela coragem da mudança, pela qualidade no acabamento e, em especial, pela originalidade de sua invenção criativa.
 
Ianelli sempre foi um poderoso artífice de suas próprias mutações, transformou-se continuamente como artista, na vazão do seu pensamento inquieto e pesquisador e nunca ancorou-se no sucesso de um eventual reconhecimento de uma de suas fases. Evitou o conforto de uma fórmula bem sucedida e buscou sempre algo novo que mantivesse incandescente a chama interior de sua criatividade. Pela ponderação e profunda reflexão exercitadas enquanto o fazia, já não mais retornava ao estágio anterior.
 
 
Ao mudar as características de suas fases, foi desbravando o universo da pintura e encontrando, às vezes, a rarissima condição de ser paradigmático; do figurativo à abstração, do gestual matérico ao abstracionismo geométrico estruturado na cor, do conjunto de quadrados superpostos em sutis transparências cromáticas à sublime descoberta das vibrações pictóricas infinitas e ilimitadas. Enfrentou ainda os desafios da tridimensionalidade nas esculturas em pedra, em hierático mármore de Carrara e em bronze, criando centenas de obras de pura linguagem ianelliana. Aventurou-se em relevos em madeira nos quais pintava as superfícies a óleo, recriando um misto de esculturas de parede e pintura. Um notável conjunto ainda inédito (salvo uma única apresentação de algumas dessas obras numa sala especial de sua grande e memorável restrospectiva na Pinacoteca de São Paulo, em 2002). Da mesma forma que as séries de gravuras, de tiragens pouco numerosas (litogravuras esplendidamente impressas que nunca foram expostas num conjunto constituído para a observação de seu público). O grande artista fazia estes trabalhos para si, assim como fez o conjunto primoroso, a grandiosa coleção secreta de milhares de estudos a pastel que formam a base de construção de sua gigantesca obra em pintura. Todas essas obras permanecem inéditas, pulsantes e vivas, no ateliê que não está vazio.
 
 
O artista paradigmático é aquele que não se parece a ninguém e dali a algum tempo serão os outros que a ele se assemelharão. Arcangelo Ianelli alcançou algumas vezes essa condição em longa carreira - no cromatismo em grises de sua fase figurativa, nos quadrados superpostos da fase geométrica e especialmente na originalissima e singular fase das vibrações. São raros no universo artístico os artistas que alcançaram essa condição do paradigma: Matisse, Jacometti, Brancusi, Miró, Picasso, Tamayo, Chillida, Anselm Kiefer, Karel Appel, De Koënning, Marcel Duchamp, Torres Garcia, Piza, Alfredo Volpi...
 
O ateliê do grande artista não está vazio, porque ali está um conjunto expressivo de obras primas, em todas as suas fases e em variadas formas de expressão - desenhos, esculturas, pastéis, relevos, gravuras e pinturas. Porque nele se escutam os passos e transita a força silenciosa de Dirce Ianelli, sua esposa em todas as intensas horas de sua longa vida, nos momentos duros e nos instantes de epifania; ali está a sua querida “cara-de-ameixa”, sua bela e competente filha Katia, que conduz com talento e mestria o Instituto Arcangelo Ianelli; sua neta Simone que realiza os processos de conservação e restauro de sua obra no acervo da família; e a outra neta, a poeta Mariana, a legítima herdeira de seu nome na condição da potencialidade criativa como artista da palavra. 
 
O ateliê de Ianelli não está vazio porque ali ainda se escutam os ecos das conversas, do alarido e das risadas dos amigos queridos e outros artistas que por ali passaram com frequência - Ferreira Gullar, Paulo Mendes de Almeida, Tomie Ohtake, Volpi, Fiamminghi, Marc Berkowitz, Paulo Machado, Rufino Tamayo, Lizeta Levy, Emanoel Araújo, Olívio Tavares de Araújo, Thomaz Ianelli, João Kon, Radha Abramo, Pierre Soulages e outros. 
 
 
Ianelli foi um artista autodidata que aprendeu ao extremo fazendo a sua arte, que trocava informações e técnicas com outros artistas, que revelava aos outros o que aprendera ao longo de sua vida, que ensinava os segredos que descobrira nas tintas, nos pigmentos, nos suportes e que aprendia o tempo todo, porque sabia escutar.
 
Certo dia, caminhando junto a ele no Jardim da Aclimação em São Paulo, cedinho, numa manhã de outono, perguntei-lhe sobre como funcionava o processo de inspiração. Se isso existia, de fato. Ianelli respondeu-me que não, que esse estado era condicionado pelo trabalho. “Se num dia você está um pouco indisposto, sem idéias, talvez isso possa até resultar um dia especial. Comece a trabalhar, comece a desenhar, a colocar os rabiscos num papel, esboçar algo, risque uma tela, tente estruturar alguma idéia ali, apague, desmanche, erre, faça de novo... dali a duas horas você estará tão envolvido no trabalho, tão concentrado, distraído das dificuldades iniciais, que talvez nesse dia aparentemente tão desfavorável, você esteja criando a obra da sua vida... não existe essa tal de inspiração, que cairia sobre você como um raio divino enquanto você está à espera, existe somente o trabalho, o trabalho árduo... desse trabalho sai algo maravilhoso.
 
O artista tinha a convicção da beleza e da busca da cor, não da cor industrializada que está pronta no tubo ou no vidro de pigmentos, e sim na cor elaborada, na cor que se busca, na cor que se faz, na cor que não existe. E nessa busca obsessiva, ele se fez o pintor da cor sublime. Quando vemos suas imensas telas de aparência aveludada, em que as cores “cantam baixinho, sussurradamente”, nos perguntamos, como ele conseguiu fazer isso?
 
 
Ianelli era amigo leal de seus amigos, em especial, de seus amigos artistas, e eles convergiam ao seu encontro, à sua casa e ao seu ateliê. Em 31 anos de amizade próxima, eu nunca o ouvi falar mal ou com ironia de um outro artista, ele sempre lhes oferecia uma palavra bondosa ou encontrava um argumento convincente para apoiá-los e justificá-los. Sempre. Nunca deixou de apoiar a nenhum deles. E isso podia ser visto silenciosamente no interior recatado de sua casa. No seu ateliê, estavam as suas obras, as suas telas, os estojos das grandes gravuras, os armários corrediços do acervo de pintura, os múltiplos, o pavilhão das esculturas... obras com a sua assinatura. Dele, que é com toda a certeza, um dos grandes artistas brasileiros de todos os tempos.
 
Dentro da sua casa, no entanto, estavam lá os outros artistas. Em todas as paredes da sua casa, viam-se apenas as obras dos outros artistas, de seus amigos artistas. Lá, naquela casa aconchegante, tão visitada por tantos, em meio a uma floresta densa num centro cosmopolita, quase na Av. Paulista, ali estavam todos eles, por todas as paredes: Alfredo Volpi, Tomie, Thomaz, Stockinger, Siron Franco, Palatnik, Rufino Tamayo, Cuevas, Picasso, Poliakoff, Chemiakin, Fiamminghi, Piza, Aldir Mendes de Souza.
 
Foi com a arte e com a beleza que o artista Arcangelo Ianelli conviveu. De seu ponto de observação privilegiado, ele via o mundo ao seu redor e o transformava pela sua interpretação artística. E via e convivia, em generosidade, com os outros. Há muita coisa para ser vista e descoberta na sua obra, extensa e bem documentada pelo Instituto Arcangelo Ianelli. O ateliê do artista não está vazio.
 
 
 
Texto de Alfredo Aquino - Publicado no Caderno de Cultura - Zero Hora / 30.05.2009
publicado por ardotempo às 13:21 | Comentar | Adicionar
Quarta-feira, 27.05.09

APENAS PINTURA - Exposição no dia 02 de junho

 Convite APENAS PINTURA

 

 

 

 

 

 

Esta mostra de pintura é dedicada a Arcangelo Ianelli, o pintor da cor sublime.

publicado por ardotempo às 14:31 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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